segunda-feira, 14 de março de 2011

MAIOR QUALIFICAÇÃO PODE SIGNIFICAR DISCRIMINAÇÃO - CURSO TECNICO E CURRICULO ESPECIFÍCO É A SAÍDA



Nem sempre os diplomas e títulos significam sucesso nas 
entrevistas de emprego

Um diploma universitário, de mestrado, doutorado, e de especialização 
pode diminuir as chances de um candidato numa entrevista de emprego. 
De acordo com uma pesquisa apresentada na Faculdade de Direito 
(FD) da USP, qualificações que deveriam ser consideradas um 
diferencial positivo para o mercado de trabalho podem fazer 
com que um empregado sofra humilhações ou mesmo perca 
seu trabalho por ser mais qualificado do que seus superiores.
Segundo o pesquisador Jorge Cavalcanti Boucinhas Filho, 
este tipo de discriminação pode existir em pelo menos 
três momentos diferentes: no momento da contratação, quando
 o candidato à vaga tem maiores conhecimentos do que os
 necessários para o cargo; no decorrer do contrato de trabalho
 quando ele está começando a se destacar e, por isso, 
seu superior fica incomodado; e, em terceiro lugar, quando
 o empregado é despedido de forma discriminatória.
Em 2008, Boucinhas defendeu a tese Discriminação por
 sobrequalificação, na FD, sob a orientação do professor 
Antônio Rodrigues de Freitas Júnior. Por meio de entrevistas, 
o pesquisador comprovou a realidade de sua tese.
— Em uma delas, a formação de um professor de História,
 com mestrado em Ciências Sociais, foi preterida por 
escolas de ensino médio porque seu "curriculum" era 
superior ao necessário e suas explicações de nível 
elevado poderiam confundir os alunos", lembra, citando
 outro caso em que um economista de Natal, no Rio Grande
 do Norte, teve de omitir sua graduação em Economia, 
conforme aconselhou um amigo, para conseguir um trabalho como corretor de imóveis.
Discriminação e prática ilícita
Boucinhas ressalta que "uma das características mais
 perversas da discriminação por sobrequalificação é que
 ela não é baseada em preconceitos ou estereótipos, 
mas gerada por questões financeiras ou de temor que 
o chefe tem de ser substituído pelo empregado."

—  Um fato muito comum em universidades privadas é a 
forma de contenção de gastos com o corpo docente. 
Como a redução de salários é proibida pela Constituição, 
a instituição promove o esvaziamento dos cargos 
de alto nível de especialização e não contrata mais 
professores para aquela determinada faixa salarial",
 descreve, ressaltando que "depois cria um novo 
cargo para contratar professores menos especializados 
e com salários mais baixos.
De acordo com o pesquisador, "o interessante não
 é apenas notar a discriminação em cada caso, mas 
saber que a reação da maior parte de pessoas que 
fica sabendo de casos similares, ou sofrem na 
pele a mesma situação, considera a atitude do
 empregador como imoral e nunca como ilícita. 
Afinal, é o empregador quem manda e desmanda
 em sua empresa".
Na leitura do jurista, considerando o conceito de 
discriminação "qualquer tratamento desigual baseado
 em um critério não justificado, como por exemplo o da 
qualificação superior ao cargo, consiste em prática 
discriminatória vedada tanto pela Convenção 
111 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) 
quanto pela legislação específica brasileira, a 
Lei 9029/95, que trata da vedação das práticas discriminatórias."
O que fazer?
O advogado alerta que, em casos que ocorra a discriminação,
 há algumas providencias jurídicas que podem ser tomadas. 
—  Quando a pessoa é discriminada no momento do
 recrutamento, pode mover uma ação por perdas e 
danos por prática discriminatória e pleitear por uma 
indenização. Se, no entanto, a discriminação acontecer
 durante o curso do contrato de trabalho, além da indenização,
 pode pedir, a exemplo, o reenquadramento em um cargo 
condizente com 
sua formação, caso a empresa possua um plano de cargos e 
carreiras. Já se a discriminação culminar no término do contrato
 de trabalho, cabe o pedido de indenização e a possibilidade 
de reintegração no emprego.

—  Infelizmente, não há como se garantir que o trabalhador 
que mova uma ação por discriminação, assim como, 
quaisquer ações trabalhistas não possa ser alvo de uma
 lista negra (prática nefasta ainda utilizada em alguns 
setores da economia) que traz a listagem de pessoas 
que moveram ações trabalhistas e, por isso, saem 
prejudicadas na hora de serem chamadas para uma 
entrevista de emprego —  lamenta Boucinhas. Mas, 
segundo ele, deixar que isto continue a ocorrer leva 
à perpetuação de mais um tipo de discriminação.
Para evitar este tipo de situação 
FAÇA UM CURRÍCULO ESPECIFICO PARA 
O CARGO A SER DISPUTADO,SOMENTE 
COM AS QUALIFICAÇÕES PERTINENTES A VAGA. 
OUTRA DICA DE ESPECIALISTA :

"...Por mais absurdo que isso possa parecer para alguns
 jovens, fazer um curso técnico antes da faculdade
ou mesmo após concluir a faculdade, é um belo caminho
 para conseguir um bom emprego, com um salário
 digno e sem se estressar demais."


Por Max Gehringer, para CBN.
AGÊNCIA USP

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