Um diploma universitário, de mestrado, doutorado, e de especialização
pode diminuir as chances de um candidato numa entrevista de emprego.
De acordo com uma pesquisa apresentada na Faculdade de Direito
(FD) da USP, qualificações que deveriam ser consideradas um
diferencial positivo para o mercado de trabalho podem fazer
com que um empregado sofra humilhações ou mesmo perca
seu trabalho por ser mais qualificado do que seus superiores.
Segundo o pesquisador Jorge Cavalcanti Boucinhas Filho,
este tipo de discriminação pode existir em pelo menos
três momentos diferentes: no momento da contratação, quando
o candidato à vaga tem maiores conhecimentos do que os
necessários para o cargo; no decorrer do contrato de trabalho
quando ele está começando a se destacar e, por isso,
seu superior fica incomodado; e, em terceiro lugar, quando
o empregado é despedido de forma discriminatória.
Em 2008, Boucinhas defendeu a tese Discriminação por
sobrequalificação, na FD, sob a orientação do professor
Antônio Rodrigues de Freitas Júnior. Por meio de entrevistas,
o pesquisador comprovou a realidade de sua tese.
— Em uma delas, a formação de um professor de História,
com mestrado em Ciências Sociais, foi preterida por
escolas de ensino médio porque seu "curriculum" era
superior ao necessário e suas explicações de nível
elevado poderiam confundir os alunos", lembra, citando
outro caso em que um economista de Natal, no Rio Grande
do Norte, teve de omitir sua graduação em Economia,
conforme aconselhou um amigo, para conseguir um trabalho como corretor de imóveis.
Discriminação e prática ilícita
Boucinhas ressalta que "uma das características mais
perversas da discriminação por sobrequalificação é que
ela não é baseada em preconceitos ou estereótipos,
mas gerada por questões financeiras ou de temor que
o chefe tem de ser substituído pelo empregado."
— Um fato muito comum em universidades privadas é a
forma de contenção de gastos com o corpo docente.
Como a redução de salários é proibida pela Constituição,
a instituição promove o esvaziamento dos cargos
de alto nível de especialização e não contrata mais
professores para aquela determinada faixa salarial",
descreve, ressaltando que "depois cria um novo
cargo para contratar professores menos especializados
e com salários mais baixos.
De acordo com o pesquisador, "o interessante não
é apenas notar a discriminação em cada caso, mas
saber que a reação da maior parte de pessoas que
fica sabendo de casos similares, ou sofrem na
pele a mesma situação, considera a atitude do
empregador como imoral e nunca como ilícita.
Afinal, é o empregador quem manda e desmanda
em sua empresa".
Na leitura do jurista, considerando o conceito de
discriminação "qualquer tratamento desigual baseado
em um critério não justificado, como por exemplo o da
qualificação superior ao cargo, consiste em prática
discriminatória vedada tanto pela Convenção
111 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
quanto pela legislação específica brasileira, a
Lei 9029/95, que trata da vedação das práticas discriminatórias."
O que fazer?
O advogado alerta que, em casos que ocorra a discriminação,
há algumas providencias jurídicas que podem ser tomadas.
— Quando a pessoa é discriminada no momento do
recrutamento, pode mover uma ação por perdas e
danos por prática discriminatória e pleitear por uma
indenização. Se, no entanto, a discriminação acontecer
durante o curso do contrato de trabalho, além da indenização,
pode pedir, a exemplo, o reenquadramento em um cargo
condizente com
sua formação, caso a empresa possua um plano de cargos e
carreiras. Já se a discriminação culminar no término do contrato
de trabalho, cabe o pedido de indenização e a possibilidade
de reintegração no emprego.
— Infelizmente, não há como se garantir que o trabalhador
que mova uma ação por discriminação, assim como,
quaisquer ações trabalhistas não possa ser alvo de uma
lista negra (prática nefasta ainda utilizada em alguns
setores da economia) que traz a listagem de pessoas
que moveram ações trabalhistas e, por isso, saem
prejudicadas na hora de serem chamadas para uma
entrevista de emprego — lamenta Boucinhas. Mas,
segundo ele, deixar que isto continue a ocorrer leva
à perpetuação de mais um tipo de discriminação.
Para evitar este tipo de situação
FAÇA UM CURRÍCULO ESPECIFICO PARA
O CARGO A SER DISPUTADO,SOMENTE
COM AS QUALIFICAÇÕES PERTINENTES A VAGA.
OUTRA DICA DE ESPECIALISTA :
"...Por mais absurdo que isso possa parecer para alguns
jovens, fazer um curso técnico antes da faculdade,
ou mesmo após concluir a faculdade, é um belo caminho
para conseguir um bom emprego, com um salário
digno e sem se estressar demais."
jovens, fazer um curso técnico antes da faculdade,
ou mesmo após concluir a faculdade, é um belo caminho
para conseguir um bom emprego, com um salário
digno e sem se estressar demais."
Por Max Gehringer, para CBN.
AGÊNCIA USP
Infelizmente preferem os "robôs" às mentes pensantes.
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